TDAH na infância também causa problemas na idade adulta

Homens que apresentaram o transtorno na infância têm menores níveis de escolaridade, recebem menores salários e se divorciam mais, aponta estudo.
 
Mesmo já adultos, homens que receberam o diagnóstico de transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) na infância apresentam menores níveis de escolaridade e econômico e piores quadros sociais do que aqueles que não foram atingidos pelo problema. Essa conclusão faz parte de uma pesquisa do Centro Médico Langone, em Nova York, nos Estados Unidos, que foi publicada nesta semana no periódico Archives of General Psychiatry.

 
O estudo acompanhou 136 homens que haviam sido diagnosticados com TDAH aos oito anos de idade com 136 participantes que não haviam apresentado o problema quando crianças. Todos tinham 41 anos. Os pesquisadores observaram que o grupo do TDAH tinha, em média, 2,5 anos a menos de estudo. Entre esses participantes, 31% não haviam completado o ensino médio e quase nenhum havia obtido um diploma de ensino superior, enquanto entre o grupo sem o transtorno apenas 3,7% não concluíram o colégio e 29,4% fizeram faculdade.
Além disso, o grupo do TDAH, embora em sua maioria estivesse empregado, recebia um salário anual, em média, 40.000 dólares mais baixo do que os outros participantes. Eles também se divorciaram mais (9,6% contra 2,9%), apresentaram mais problemas com abuso de substâncias químicas (14% contra 5%) e mais casos de transtornos de personalidade (16% contra zero). Não houve diferenças em relação a transtornos de ansiedade ou hospitalização. "Observamos que as múltiplas desvantagens causadas pelo TDAH na infância até a idade adulta começou na adolescência. Nossos resultados destacam a importância de um acompanhamento prolongado e tratamento de crianças com TDAH", concluiu o estudo.
 
Fonte: Veja

Crianças que não enfrentam seus medos têm risco maior de ansiedade


Segundo pesquisa, jovens que costumam evitar situações das quais têm medo, diferentemente daqueles que as enfrentam, aumentam seus níveis de ansiedade.

Um novo estudo da Clínica Mayo, nos Estados Unidos, descobriu que crianças que, em vez de enfrentar, evitam situações das quais sentem medo são aquelas que apresentam um maior risco de ter ansiedade. Segundo os autores dessa pesquisa, esse achado é importante pois poderá ajudar os profissionais a identificarem melhor quem são as crianças mais propensas a ter esse transtorno e, assim, direcioná-las a abordagens que previnam a ansiedade. O trabalho foi publicado na edição deste mês do periódico Behavior Therapy

Participaram da pesquisa mais de 800 jovens de sete a 18 anos. Para realizar o estudo, os pesquisadores desenvolveram dois questionários, um que deveria ser respondido pelas crianças e outro, por seus pais. Ambos os relatórios tinham como objetivo avaliar as medidas de precaução tomadas pelas crianças. Ou seja, a equipe desejava saber se esses jovens, quando sentiam medo de alguma coisa, enfrentavam a situação depois ou simplesmente tentavam manter-se afastados dela o máximo possível.

Uma das conclusões da pesquisa foi a de que mensurar essa precaução das crianças pode ajudar a determinar o risco de elas terem ansiedade. Isso porque, um ano após a realização do estudo, a maioria dos jovens manteve seus níveis de ansiedade estáveis – ou seja, muito baixos. No entanto, entre os participantes que costumavam evitar situações em que sentiam medo, esses níveis tenderam a crescer depois de 12 meses.

No artigo, os pesquisadores explicam que crianças que evitam enfrentar os seus medos sofrem pois não sabem que eles podem ser administrados. Assim, para alguns jovens, determinados temores podem se intensificar de tal forma que se tornam parte de um transtorno de ansiedade. "Quando as crianças começam a evitar situações de medo, a ansiedade pode se tornar particularmente incapacitante, impedindo a participação dos jovens em atividades diárias", escreveram os autores em um comunicado da Clínica Mayo.

De acordo com os pesquisadores, terapias cognitivas e comportamentais são capazes de ajudar crianças que evitam situações das quais sentem medo — os pais dos 25 jovens que participaram do estudo e que foram submetidos a essa abordagem relataram que a frequência desse problema foi reduzidA pela metade em um período de um ano. Por isso, concluiu a equipe, essa terapia pode ajudar a prevenir a ansiedade em crianças que apresentam esse comportamento.

Fonte: Veja

Por que é tão difícil colocar limites no seu filho



Os pequenos tiranos de hoje são resultado do encontro de duas gerações sem limites, diz Tania Zagury, mestre em educação e autora de "Limites Sem Trauma" (Record).

"Quem está criando filhos agora são os que já tiveram liberdade na infância e estão frente a uma situação que não vivenciaram: os filhos deles também querem fazer de tudo. A liberdade da criança acaba tirando a dos pais."

Zagury fez um estudo com 160 famílias no início dos anos 1990, quando já identificava o surgimento da tirania infantil. "Os pais dos anos 1980 tinham sido criados de forma dominadora e queriam uma educação liberal."

Entre os anos 1970 e 1980 a criança se tornou ator da história, segundo Mary Del Priore, organizadora do livro "História das Crianças no Brasil" (Contexto).

A tendência começou depois da Segunda Guerra. Ao mesmo tempo, surgiram leis de proteção à infância, jovens ganharam visibilidade no cinema e na publicidade e as famílias diminuíram.

"A mulher [que trabalha fora e começa a tomar pílula] passa a querer ter menos filhos para criá-los bem. E a criança ganha lugar como consumidora. Há uma transformação no papel dos pais", afirma a historiadora.

CRISE DE AUTORIDADE

O problema é que a balança foi toda para o outro lado: da rigidez à frouxidão, analisa o psicanalista Renato Mezan, professor da PUC-SP. "Por um lado, é um avanço social, há mais diálogo na família e mais decisões consensuais. Mas, por outro, os pais têm medo de exercer a autoridade legítima. É uma crise de autoridade generalizada."

Há também uma inversão de papeis, segundo a pedagoga Adriana Friedmann, doutora em antropologia e coordenadora do Nepsid (Núcleo de Estudos e Pesquisas em Simbolismo, Infância e Desenvolvimento).

"Há uma 'adultização' precoce e, ao mesmo tempo, um prolongamento da infância", diz. "Não dá para culpar só os pais. Todos são vítimas da tendência sociocultural. As crianças estão expostas a um grande número de estímulos e influências da mídia."

Para a psicanalista Marcia Neder, os pais se sentem obrigados a mimar os filhos e há muitas exigências em torno de um ideal da mãe perfeita. "Fica difícil dizer 'não' em uma sociedade que trata a criança como um deus."

A blogueira Loreta Berezutchi, 29, sente na pele as cobranças do que ela chama de "filhocentrismo". Loreta é mãe de Catarina, 3, e Pedro, 5. O menino não dá muito trabalho, mas Catarina...

"Ela está sempre batendo o pé. Empaca quando não quer sair de casa e quer escolher a roupa que vai usar. Às vezes, quer blusa de frio no calor e é difícil fazê-la mudar de ideia", conta.

Além de comprar "as brigas que valem a pena" com a filha (como não deixá-la viver só de bolacha e iogurte), Loreta tenta não ser guiada pela concorrência que há entre mães blogueiras para ver quem é a "mais mãe", ou seja, a que mais paparica sua prole (ela escreve no www.bagagemdemae.com.br).

"Na hora de apontar o dedo, todo mundo aponta. 'Ah, meu filho só come comida saudável e o seu toma refrigerante'. Você se sente culpada por não ser o modelo de mãe que cozinha para o filho, dá água mineral etc.", diz.

Ela admite que sua vida hoje gira em torno dos rebentos e acha que faz parte do pacote. "Eu estava preparada para isso quando decidi ser mãe. Mas faz falta ter uma vida social que não os inclua."

Enquanto a criança ainda é um bebê, é normal que a vida da família seja pautada pelas necessidades dela, de acordo com Zagury. "Mas, a partir dos três, quatro anos não precisa ser assim. Os pais devem dar proteção aos filhos, não sua própria vida."

MAMÃE EU QUERO
Encontrar o equilíbrio pode ser complicado quando a criança tem entre dois ou três anos, aponta Friedmann. "Elas estão na fase de se descobrirem como pessoas com identidade única. Nesse período, há uma necessidade da afirmação do eu, por isso experimentam um jogo de força com os adultos."

É fundamental os pais terem clareza sobre quais regras vão impor aos filhos. Só assim conseguirão ser firmes.

"Os limites devem ser colocados na primeira infância, quando se constroem as bases da personalidade", acrescenta Friedmann.

A psicopedagoga Maria Irene Maluf, membro da Associação Brasileira de Psicopedagogia, lembra que regras dão segurança. "A opinião da criança não deve ser ignorada, mas ela não sabe escolher o que é melhor para ela. Ninguém nasce autônomo."

No fundo, mesmo os mais rebeldes gostam de saber até onde podem ir, complementa a também psicopedagoga Betina Serson. Para quem tem um déspota mirim em casa, ela recomenda começar a disciplina estabelecendo uma rotina (veja mais orientações ao lado).

"A ideia de que colocar limites pode ser danoso à criança é 'idiota'", afirma Mezan. Segundo ele, a inexistência de regras gera ansiedade dos dois lados.

"Qualquer renúncia ao prazer imediato passa a ser vivida como uma frustração insuportável pela criança. Muitas vezes, porque seu desejo é logo satisfeito, ela acaba valorizando pouco o que tem", afirma.



Fonte: Folha

Como se aprende a mentir?





Em diversos artigos que escrevi anteriormente, o tema mentira foi abordado, por se tratar de um assunto extremamente importante nas questões que permeiam as relações humanas. Este tema é relevante, não somente, no que se refere ao relacionamento conjugal, na relação entre pais e filhos, como também, em qualquer outro tipo de interação humana. Por exemplo, ao escrever sobre sedução, a qual faz-se presente até na venda de um produto comercial, a honestidade do vendedor ou do anúncio comercial é de extrema importância para que o produto venha a ser consumido por longo prazo. Se a propaganda for enganosa ou se o vendedor exagerar nas qualidades e nas funções de seu produto, o consumidor poderá até comprar o produto da primeira vez, mas não voltará a comprá-lo em outras ocasiões e, também, não o recomendará a outras pessoas.


Mentir é um comportamento verbal. As ações verbais têm uma característica especial: elas atuam sobre o comportamento de outras pessoas, levando-as se comportarem de determinadas formas. Este tipo de comportamento difere do comportamento não-verbal, que tem efeito direto sobre o ambiente. Quando fazemos um pedido, por exemplo, uma outra pessoa age por nós. Uma outra forma de comportamento verbal é a descrição de fatos ou de aspectos do ambiente. Descrevemos os eventos porque, geralmente, outras pessoas (ou nós mesmos) se beneficiam com a descrição. Uma descrição pode corresponder ou não com a realidade. A mentira é uma descrição que não retrata os fatos, a situação ou o que fizemos de forma real. Por isso, considera-se o grau de correspondência entre o dizer e o fazer como uma medida do quanto algo que se diz é verdadeiro.


De forma geral, aprendemos a mentir quando criança, mas isto pode acontecer em qualquer período da vida de uma pessoa. Há um período do desenvolvimento infantil, em que as crianças não diferenciam a verdade da mentira: elas não separam a realidade da fantasia.


Ao fantasiar, as crianças inventam personagens e estórias e, hoje em dia, isto está sob grande influência dos meios de comunicação, como os filmes, os desenhos animados e as novelas, às quais as crianças são expostas de forma maciça.


Os comportamentos de criar fantasias e de brincar de faz de conta são muito importantes para o desenvolvimento infantil, mas os pais devem estar alertas para que pouco a pouco ensinem seus filhos a diferenciar o que é realidade e o que é fantasia. Sempre que você estiver participando de brincadeiras que envolvem fantasias, com uma criança, lembre de dizer que aquilo é "faz de conta" e ensine a ela o que isto significa.


As crianças também aprendem a mentir por imitação. Um adulto pode avaliar a gravidade e a relevância/irrelevância de uma mentira, mas uma criança não. Por exemplo, se seu filho atender ao telefone e você disser a ele para dizer: "Fala, que não estou"; "Fala, que estou lavando lá fora", “Diga, que estou no chuveiro”, você pode estar dando uma simples desculpa e adiando falar com a pessoa que ligou, o que pode não ser grave ou relevante.

No entanto, você mentiu e seu filho teve que mentir também, e essa experiência prejudica a educação dele.


Uma outra forma de induzir ou criar condições para que seu filho ou sua filha venha a mentir, é estabelecendo regras muito rígidas de disciplina, em que a punição severa é usada com freqüência. Você pode argumentar que, se o meu filho fizer algo errado, ele deve ser punido. Certamente, devemos estabelecer limites quanto àquilo que os filhos podem ou não fazer, mas se ele correr o risco de ser punido de forma severa, ele tentará esquivar-se, ocultando o que fez ou mentindo. E então, se você não descobrir, ele poderá safar-se da punição, tendo vantagem por mentir.


Esta situação pode ser evitada se você não usar punições severas, como surrar o seu filho. Quando ele disser a verdade, ele deve obter uma certa vantagem em relação a quando mentir. Aproveite para conversar com ele sobre o quanto é importante que ele diga a verdade e se você julgar imprescindível uma punição, use uma punição mais leve, deixando muito claro que essa punição é uma conseqüência por seu comportamento. Ou seja, diga que você não gosta do que ele fez e nunca diga ou deixe que seu filho entenda que você não gosta dele.


Verônica Bender Haydu
Professora da Universidade Estadual de Londrina
Doutora em Psicologia pela Universidade de São Paulo